segunda-feira, 17 de março de 2008

O novo Hi-Lo

Sempre é bom acompanhar as temporadas de desfiles européia para refinar o olhar e perceber que há de mais novo no mundo da moda. Por vocação, as passarelas antecipam o futuro, com desejos que ainda não imaginamos. Mas hoje são as ruas (de Londres, Paris e Milão) invadidas por um público que da a maior bandeira de estar ligado à moda, o melhor laboratório para entender qual é o tom mais cool do momento.
Esse universo, que gravita em torno dos desfiles, multiplica depoimento fashion, de toscos e chiques. Suspeito que em plena era das celebridades, seja a síndrome do “tomara que me fotografem”. Se ontem eram só as relativamente obscuras revistas de street style japonesas que cuidadosamente documentavam cada look, hoje existem blogs de muito sucesso que editam o que julgam ser as imagens mais marcantes, extravagantes ou excêntricas.

Reparei que os verdadeiros trend-setters (que podem vestir o que quiserem) estão mais discretos. Ninguém quer parecer exibidinho nem anuncio de marca de luxo. Quando Emmanuelle Alt, super editora da Vogue Francesa, aparece de botas, jeans, biker jacquet e lenço palestino legitimo (em vez do de Balenciaga) ou com tshirt marinheira da Sandro e fica sexy e bacanérrima, é hora de prestar atenção. O exercito cada vez mais sofisticado do hi-lo está voltando à cena e novas marcas estão aparecendo. Não são mais os grandes empórios de moda como H&M, Zara e Topshop que dão as cartas. São marcas, na maioria francesas, com pequenas lojas próprias nos endereços mais quentes de Paris ou com corners em grandes lojas como Galeries Lafayette, Bom Marche e Printemps. Originais, trendy, como preços razoáveis, dirigem-se a um público jovem de todas as idades. Revolucionam o mercado com novidades a cada semana, ocupando espaço que fica entre as marcas de luxo e o mercado fast-fashion.

Em Paris, as mais faladas são Sandro, Maje, Manoush, Isabel Marant Étoile, Zadig & Voltaire, ba&sh, Athé (segunda linha de Vanessa Bruno) e a Paule Ka, essa ultima do brasileiro Sergio Cajinger. A maioria já existia antes da Zara, mas agora encontram ressonância por não serem “usinas de cópia” de marcas de luxo. Estão estimulando o revival do chic parisiense de rua, cool, sexy e sofisticadamente à vontade, feito de peças possíveis de compor..., pensadas para serem personalizadas com acessórios e a atitude certa.

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