quarta-feira, 5 de março de 2008

Sensualidade Pós-Moderna


Olá Housers...faz um certo tempo que venho desenvolvendo uma pesquisa do que chamamos na moda de Macrotendência (uma especie de "tendência chefe" que guia todas as "tendências de estação" como a maioria conheçe. A diferença entre elas é que, as macros pode durar anos). Vou colocar abaixo um resumo da minha pesquisa e gostaria que comentassem, pois com isso posso modificar, acrescentar ou retirar conteúdo, antes de apresentar a palestra). Espero que seja uma forma de conteúdo para cada um de vocês tirarem as próprias conclusões e continuarem a pesquisar sobre o assunto se este for de seu interesse. O post ficou grande mas vale a pena ler até o final.


A macrotendência sobre a qual tratarei aqui refere-se à Sensualidade Pós-Móderna. Dentro desse contexto podemos seguir por dois caminhos. Um refere-se ao culto ao corpo, numa busca incessante pela beleza e o outro trata da busca da felicidade e bem estar, seguindo propostas de beleza mais naturais e saudáveis.

Segundo Lipovestky, o “look” (tratado aqui não apenas quanto roupa, mas principalmente quanto indivíduo) e todos os seus artifícios, do espetáculo e da criação, correspondem a uma sociedade em que os valores primordiais são o prazer a liberdade individuais. Entendemos com isso, que a cada dia que passa, as pessoas contam com mais meios e técnicas para reformular o próprio corpo. O mais assustador é ver que não existem critérios para tais intervenções (cirúrgicas ou não). Como na citação de Lipovetsky, o que buscamos é puramente o prazer e a liberdade para fazermos o que bem entendermos com o nosso corpo.
Se fizermos uma retrospectiva das capas da revista Veja de um ano atrás até hoje veremos que grande parte delas trazia assuntos relacionados à beleza.
Onde quero chegar com isso tudo? Algumas pessoas não têm medo de morrer em nome da vaidade extrema.
Podemos pensar que a mudança na aparência e no corpo gera uma impressão de mudança, pois sugere novas imagens para o “eu”.
Pensando na idéia de “construção” de identidade, localizamos alguns momentos do séc. XX. Na década de 20, anúncios como “Sua obra-prima é você”, encorajavam as pessoas a ver a criação do “eu” como forma de criatividade.
Uma imagem bastante freqüente quando pensamos em atitudes extremas em função do corpo é da boneca Barbie. A revista Barbie Magazine (direcionada a meninas de 06 a 14 anos) dita atitudes como “mude seu corpo a cada estação, conforme a tendência do momento”. A publicação embute na cabeça das crianças, que desde pequenas, elas devem se preocupar com a aparência de forma extrema. O ápice ao culto do corpo “Barbie” acontece na década de 80 quando Jane Fonda lança seus vídeos aeróbicos. Se fosse humana, a boneca teria 80cm de busto, 45 de cintura e 72,5 de quadril, tudo isso para 2 metros de altura.
Passando para a década seguinte temos a imagem de Kate Moss, esquálida e abatida, como a mais forte. Surge com ela o visual da “heroína chic” (quando a moda foi contaminada pelo vício). O escritor Michael Gross defende a teoria da pirâmide da moda: no topo, onde estão as tops, tudo é incrivelmente brilhante e glamuroso. Em resposta a essa estética, as novas meninas dos anos 2000 eram saudáveis e bronzeadas. Quem lidera essa nova geração é Gisele Bündchen.
O que temos atualmente, no entanto, é uma nova inversão nesse quadro: o visual apático de Kate volta à tona com sua aparição cheirando cocaína e faz com que as revistas de moda passem a exibir em seus editoriais, modelos com aparência doentia (quem nunca viu fotos com modelos encurvando os ombros para frente sugerindo fraqueza?).
Muito foi falado até agora sobre a busca pela beleza a qualquer custo pelas mulheres, mas, os homens seguem pelo mesmo caminho, de forma mais sutil sim, porém não menos preocupante. Basta analisarmos a quantidade de cirurgias plásticas e procedimentos de todas as naturezas realizados por eles. Os lançamentos cosméticos, como o de maquiagem masculina de Jean Paul Gaultier, ou a linha o Boticário Men, também confirmam essa tendência. O que notamos nos homens, no entanto, é que eles continuam com um certo pudor em relação a estes produtos. A tática das empresas é buscar novas alternativas para venderem. Um ótimo exemplo é a Caneta Camuflagem do Boticário que em sua descrição fala que “cobre e disfarça através de pigmentos difusores da luz”. Nada mais é do que corretivo adaptado ao universo masculino.

Nós forjamos uma identidade para nós mesmos. A ficção é uma necessidade cotidiana. Cada um de nós, para existir, conta-se uma história. A idéia de que podemos viver vidas diferentes numa vida só é extremamente sedutora. As roupas e as imagens de moda estimulam o sujeito a se transformar continuamente. É como se a indústria falasse o tempo todo “seja você mesmo, mas se não conseguir ou não estiver gostando, estamos aqui, prontos para ajudá-lo a se modificar, a ser mais parecido com seu ídolo e tentar ser outra pessoa que, talvez, lhe agrade mais”.

(Nas imagens acima, exemplos de vaidade extrema, como David Beckham que tatuou o próprio nome num local pouco comum, a eterna heroin-chic Kate Moss e a saudável Gisele, entre outras fotos que remetem ao assunto abordado)

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